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Sabor Amargo em Queijos Frescos e Queijos de Massa Mole (Não Cozida)

O sabor amargo em queijos frescos é um dos defeitos mais comuns e desafiadores na produção artesanal. Ele pode surgir por vários fatores que agem de forma isolada ou combinada, afetando diretamente o sabor e a qualidade final do queijo.

🔹 1. Higienização rigorosa

A higienização correta dos utensílios e equipamentos é essencial. Durante e após a ordenha, todos os materiais que entram em contato com o leite devem ser limpos e desinfetados cuidadosamente.
Resíduos orgânicos favorecem o desenvolvimento de microrganismos produtores de enzimas proteolíticas — principais responsáveis pelo gosto amargo.

🔹 2. Evitar armazenamento prolongado do leite cru

Evite armazenar o leite cru refrigerado por longos períodos. Esse tipo de conservação favorece o crescimento de bactérias psicotróficas, como Pseudomonas spp. e Aeromonas spp..
Essas bactérias produzem proteases e lipases termorresistentes que permanecem ativas mesmo após a pasteurização. Como resultado, formam peptídeos hidrofóbicos amargos durante a maturação.
(Fontes: Chen et al., 2023; Frontiers in Microbiology)

🔹 3. Uso de culturas fermentativas específicas

A aplicação de culturas láticas selecionadas pode ajudar na competição microbiana, reduzindo o impacto das bactérias psicotróficas.
Entretanto, essa prática deve ser tecnicamente justificada e respeitar a legislação vigente.
(Fontes: Embrapa, 2021; RSD Journal, 2022)

🔹 4. Controle da pasteurização

Mantenha o tempo e a temperatura dentro dos parâmetros recomendados — por exemplo, 65°C por 30 minutos ou 72°C por 15 segundos.
Perfis térmicos excessivos podem desnaturar proteínas e intensificar a ação de proteases residuais, ampliando o amargor.

🔹 5. Controle da salga

Queijos com baixo teor de sal possuem maior atividade de água e enzimática, o que aumenta a chance de sabor amargo.
O sal atua como inibidor parcial da proteólise indesejada, além de ajudar na textura e conservação.
(Fonte: Fox et al., Cheese: Chemistry, Physics and Microbiology, 2017)

🔹 6. Escolha do coagulante

O uso de coagulantes de baixa pureza pode causar o defeito. Produtos com alto teor de pepsina ou atividade proteolítica secundária geram fragmentos amargos da β-caseína.
Dê preferência a coagulantes microbianos ou fúngicos purificados, com baixa atividade proteolítica residual.

🧫 Nota técnica

O amargor resulta principalmente da hidrólise incompleta da β-caseína, que gera peptídeos hidrofóbicos pouco solúveis.
Esses compostos se acumulam na matriz do queijo, especialmente em condições de baixa salinidade ou quando há atividade residual de enzimas psicotróficas.

📚 Referências técnicas

  • Fox, P.F. et al. (2017). Cheese: Chemistry, Physics and Microbiology. Academic Press.
  • Chen, J. et al. (2023). Frontiers in Microbiology, 14:1183920.
  • Embrapa Gado de Leite (2021). Microrganismos psicotróficos e qualidade do leite refrigerado.
  • RSD Journal (2022). Impact of psychrotrophic bacteria on milk and cheese quality.

Evitar o sabor amargo em queijos frescos exige controle higiênico, pasteurização adequada, culturas láticas de qualidade e salga bem ajustada.
Assim, o produtor mantém a qualidade sensorial e assegura um queijo mais equilibrado, saboroso e estável.

Escola de Queijo – Queijo Artesanal do Brasil
Pioneirismo no ensino do queijo artesanal brasileiro.

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