Raça Jersey – Produtora de Leite
Embora a origem seja desconhecida, há suficientes provas de que seus antepassados vieram da Ásia, caminhando para o oeste, deixando em seu caminho núcleos de animais que se diferenciavam pelo manejo e pela nutrição recebida. Depois, teriam se fixado na ilha de Jersey, no canal da Mancha, Inglaterra.
O gado Jersey tem sido tão apreciado fora de sua ilha nativa que, desde 1763, está proibida a introdução de qualquer bovino em seu habitat. Em 1789 existem dados de importação de gado Jersey, com o nome de “Alderney”, talvez por terem chegado em botes denominados “Alderney”. Desde essa data, está proibida a entrada de animais estranhos na ilha.
Quayle, em seu livro publicado de 1812, dizia ser este um gado tão conhecido que não precisava ficar descrevendo suas características! Em 1811, Audley End estabelecia seu rebanho e, em 1827, o de Philip Dauncey. Em 1833 foi fundada a Sociedade Real Agrícola e Hortícola de Jersey e, no ano seguinte, foi realizada a primeira exposição em Cattle Market. Em 1938, foi introduzida a pontuação para o gado. Na Exposição Real de 1844 foram criadas as classes para os bovinos da Inglaterra mas, apenas em 1867, estas foram estendidas para o Jersey e o Guernsey. O Livro Genealógico foi fundado em 1866, sendo considerado o mais importante evento da história da raça. Em 1878 foi fundada a Sociedade Inglesa de Criadores de Gado Jersey, logo convertida em Sociedade de Criadores de Jersey do Reino Unido. Em 1893 aconteceu o primeiro Teste de Gordura oficial (“24 Hour Butter Test”), embora mensurações já fossem realizadas desde 1860, em exposições. O Controle Leiteiro Oficial começou em 1912. Em 1991, o Controle Leiteiro abrangia 99% das vacas da ilha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os animais requisitados para o abate, pelos nazistas, eram trocados pelos “Piores”, resultando num melhoramento repentino de todo o rebanho da ilha. Ao todo, o rebanho da ilha conta com pouco mais de 10.000 animais. No Reino Unido, cerca de 100.000 animais, sendo 88% de raça pura.
A raça chegou aos Estados Unidos em 1850, onde ganhou notável desenvolvimento, ganhando fama como animal de médio porte e, algumas vezes, até como de grande porte. Também nos Estados Unidos foi desenvolvido o Jersey Mocho. O habitat do gado é a ilha de Jersey que medo apenas 117 km2 (11.655 hectares), no canal da Mancha, com solos leves e de fertilidade mediana. O clima é marítimo, bastante úmido. A raça, no entanto, deverá se tornar “cosmopolita”, rapidamente, ou seja, estará presente na grande maioria dos países do planeta, freqüentando habitats diferenciados.
Funcionalidade – No censo de 1962 existiam 5.401 vacas leiteiras na ilha de Jersey, distribuídas por 700 rebanhos. Como não havia importação registrada desde 150 anos, o gado Jersey podia ser considerado como um único grande rebanho, no qual se utilizavam 100-150 touros. Apenas 30% do gado Jersey era submetidos ao controle leiteiro (FAO, p. 104). O gado é apascentado em estacas durante grande parte do ano, pois não existe área que não seja utilizada pela agricultura, mas recebe concentrados de grãos e feno. O gado da ilha é o menor em tamanho, no mundo, mas -ao receber farta alimentação em outros países – logrou tornar-se bem maior, aumentando mais de 500/ quilo em peso, como nos Estados Unidos. É um gado de alta precocidade sexual. E considerada a raça que melhor se ajusta a qualquer situação, como gado leiteiro. A docilidade das fêmeas chega a ser poética!
O leite de Jersey – A raça produz o leite mais rico em matéria gorda, na Inglaterra, sendo superior ao da raça Holandesa. Os glóbulos graxos são grandes e a sua coloração fazem com que o leite do Jersey seja preferido para fabricação de manteiga. Sua prepotência é muito grande, imprimindo suas características na descendência cruzada. Nos Estados Unidos são comuns produções acima de 7.500 kg. Na Nova Zelândia, a maioria das vacas é Jersey.
Nos Estados Unidos, em comparações com a raça Holandesa, o Jersey mostrou ser mais econômico, quando se analisa a receita total em relação ao peso corporal. O Jersey rendia US$ 186 contra US$ 165 da raça Holandesa. Ademais, o Jersey produz mais leite por hectare (Nova Zelândia, EUA, etc), bem como mais leite por peso corporal. O leite do Jersey rende 29% a mais que o leite do gado Holandês, devido á maior taxa de gordura e de proteínas.
Na África do Sul e na Nova Zelândia, o Jersey provou ser mais rentável e mais econômico que a raça Holandesa. Supõe-se que nas situações que exigem urna certa rusticidade, o Jersey seja mais rentável que a raça Holandesa, pois apresenta uma maior conversão alimentar, produzindo mais leite por área ocupada, mais leite por tonelagem de forragem, mais leite corrigido em gordura, e mais leite por kg de peso vivo.
A produção média varia entre 6.000-7.000 kg, com recorde mundial de 17.938 kg (“Hases Babes Lad Chard”), em 365 dias, sendo comum encontrar fêmeas em produção com mais de 15 anos. Este recorde mostra que a vaca Jersey pode produzir anualmente o equivalente a 32,6 vezes o próprio peso, embora a média seja de 10-12 vezes seu próprio peso em leite, todos os anos! A recordista mundial em leite é “Basil Lucy Minnie Pansy”; com 126.857 kg de leite e 6.150 kg de gordura. A recordista mundial de longevidade em gordura é “Sunny King Berna” com 111.255 kg de leite e 6.646 kg de gordura.
Economicidade – O Jersey vem se destacando nas pesquisas corno a raça que apresenta a menor média de idade no primeiro parto, um retorno mais rápido do investimento, mais novilhas no pasto e vida produtiva mais longa do rebanho. Um sumário norte-americano mostra que o Jersey rende 14,18% a mais na hora de fazer as contas de alimentação.
A carne, embora de bom sabor e textura fina, nem sempre é apreciada pelas donas-de-casa, devido á coloração da gordura. Por outro lado, O “Meat Animal Research Center”, nos EUA, verificou que a carne de Jersey é a mais macia, com índice de 7,4 e marmorização de 13,2, confirmado pela Universidade Texas A & M. As fêmeas pesam entre 350-450 kg e os machos chegam 550-700 kg. Nos Estados Unidos, a vaca Jersey pesa 400-500 kg e os machos ao redor de 700-800 kg. E a raça mais difundida no mundo, depois da Holandesa.
No Brasil – O Jersey chegou ao Brasil em 1896, importado por Joaquim Francisco de Assis Brasil, diretamente da Granja de Windsor, da rainha Vitória da Inglaterra. Eram as vacas “Fennel”, seu terneiro “Vítého” e “Sage”, também com bezerra (“Vitória”) ao pé. Assis Brasil fundou seu Herd Book, em 1905, que controlou a genealogia da raça até 1915. Em 1909, a Secretaria Estadual da Agricultura do Rio Grande do Sul realizou os primeiros registros. Em 1930, a raça foi oficializada pelo Ministério da Agricultura. Em 1938, foi fundada a Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil, no Rio de Janeiro. Em 1948, foi fundada a Associação dos Criadores de Gado Jersey do Rio Grande do Sul, com sede em Pelotas. Em 1954, o Herd Book do governo sul-riograndense foi transferido para a Associação. Em 1974, a Associação transferiu-se do Rio de Janeiro para São Paulo
Fonte: Os Cruzamentos na Pecuária Tropical – Ed. Agropecuária Tropical – Digitalizado pelo Boletim Pecuário.