Queijo Canastra – Fabricação Caseira
O queijo Minas artesanal da Serra da Canastra é um queijo elaborado a partir de leite cru que apresenta consistência dita intermediária (semidura) tendendo ao macio (reflexo do teor de gordura do leite integral, tempo de mexedura, extração de soro e tempo de cura).
O formato é cilíndrico, com altura entre 4,0 a 6,0 cm e diâmetro entre 15 a 17 cm o que se traduz em peças entre 1 a 1,2 quilo.
O sabor é marcante, característico da fermentação da flora natural endógena, destacando-se notas ácidas, porém não picantes.
O queijo mineiro produzido na Serra da Canastra assim como todo queijo elaborado em qualquer lugar do planeta passa por diversas etapas desde a obtenção de um bom leite à sua cura final.
Basicamente o processo de fabricação compreende etapas que vão desde a ordenha manual à mecanizada conforme o investimento da propriedade. As queijarias são próximas a área de ordenha, passando o leite por um filtro de linha ou simples filtros de tecidos que são rotineiramente higienizados.
Os queijos são elaborados a partir de apenas quatro ingredientes básicos: leite integral cru, soro fermento (pingo), coalho e sal, nesta mesma sequência de trabalho e espera do tempo necessário para coagulação do leite.
Decorrido a coagulação, procede-se o corte da massa e mexedura por aproximadamente 50 a 60 minutos (tempo médio para queijos que apresentam o tipo de umidade que caracteriza o queijo mineiro).
Coleta-se a massa após a separação do soro e procede-se a enformagem em formas cilíndricas, revestidas com tecido de algodão ou tecido sintético. Na fase final, a prensagem é feita com auxílio da pressão e calor das mãos (individualmente para cada peça elaborada).
A salga é a seco no qual polvilha-se o sal grosso ou triturado em uma primeira face. Depois de um período que varia entre 06 a 12 horas, vira-se o queijo e repete-se novamente o processo de salga sobre a outra face.
A cura ou maturação tradicional é feita em prateleiras de madeira, com viragens, lavagem, secagem por um período entre 17 a 22 dias (com o advento da comercialização profissionalizada, muitas queijarias vêm adotando a cura refrigerada, visando a constância de qualidade e evitando-se perdas pelas variações climáticas já que os queijos são fabricados em todas as épocas do ano, inclusive nas mais quentes).
Apresentamos ao leitor a tecnologia para elaboração do queijo mineiro adaptada para condições caseiras e um fermento desenvolvido para esta finalidade e fabricação do queijo com o leite próprio (obtido a partir de animais comprovadamente saudáveis).
Este 1º Queijo serve como o Queijo Mestre para o preparo do PINGO (QUEIJO CANASTRA).
Material necessário receita caseira – queijo Canastra:
01 termômetro;
01 forma para queijo completa;
01 envelope para preparo do soro fermento (pingo) – Fermento Queijo Artesanal – 10 litros;
01 frasco de QUIMASE (para coalhar o leite);
Sal grosso;
10 litros de leite integral.
Ingredientes | Parâmetros |
Leite cru integral | 10 litros |
Fermento Queijo Artesanal (1U) | Fermento Queijo Artesanal (Para utilização em 10 litros de leite)
ou 150 ml de PINGO (depois de desenvolvido) |
Quimase
(coalhar o leite)
|
3 ml |
Sal grosso ou triturado | Quantidade suficiente para cada face |
O leite para elaboração do queijo tipo mineiro Canastra deverá ser proveniente de vacas bem alimentadas, preferencialmente soltas à pasto e comprovadamente saudáveis, sendo coado ou filtrado e utilizado imediatamente após a ordenha. A temperatura deverá ser regulada para a faixa de 36ºC com auxílio do termômetro.
Na panela, uma vez regulada a temperatura, inicia-se a adição dos ingredientes sempre na seguinte ordem: Fermento Queijo Artesanal – 10 litros – DOCINA e COAGULANTE QUIMASE.
Para todo e qualquer queijo o coagulante é sempre o último ingrediente a ser adicionado, devendo ser diluído em água que não contenha cloro, bem distribuído e com agitação por alguns segundos (o bom rendimento do queijo e a boa coagulação está também relacionado com a forma que se distribuem os ingredientes, principalmente o coalho).
A coagulação ocorre num período médio de 30 minutos. O leite bem coagulado deve apresentar uma consistência firme, brilho de “porcelana”, sem desprendimento de soro ou gases, liberando um soro esverdeado quando testado.
A etapa seguinte é o corte da massa ou coágulo, fazendo-se o grão 2 (grão de caroço de azeitona com 1.5 cm de aresta) com auxílio de um mexedor manual.
Após o corte, a massa deve permanecer em repouso por um período de 5 minutos (verifica-se a formação de soro esverdeado). Marca-se a hora do corte (o ponto da massa do queijo ocorre entre 50 a 60 minutos após este momento.
Inicia-se então a mexedura da massa lentamente nos primeiros minutos (uma regra básica para quase todos os tipos de queijos, pois a massa recém cortada encontra-se frágil não devendo ser agitada abruptamente).
No decorrer do tempo observa-se que a massa “sempre afunda” (este um é sinal que a mesma vai ficando mais pesada pela saída do soro dos grãos).
O ponto da massa deste queijo ocorre no tempo mencionado (contados a partir do momento do corte da massa), com os grãos apresentando determinada característica de consistência.
Após o ponto interrompe-se a mexedura e deixa-se que massa assente-se no fundo da panela, mantendo-a por tempo de 15 minutos.
A massa deverá ser recolhida diretamente para o tecido (dessorador) e “boleada” manualmente moldando-a e expulsando soro (etapa correspondente a pré prensagem e prensagem na fabricação industrial).
Feito isto a massa envolta em seu pano dessorador deverá ser destinada para forma que permitirá seu formato e acabamento final.
Etapas |
Nota |
Recolhimento da massa da panela para o tecido.
Expulsão do soro da massa (regulando a umidade que é saída do soro do interior da massa). |
Tempo de poucos minutos. |
Após o trabalho manual para enformagem da massa a mesma deverá ser colocada na forma apropriada. | A forma dará o formato da peça. A tampa complementa o acabamento final, dando certa rusticidade ao queijo acabado. |
Após 60 minutos o tecido poderá ser retirado. Um leve peso pode ser adicionado sobre a tampa (corrigindo possível defeito deixado pelo tecido).
Efetua-se a salga a seco numa primeira face com polvilhamento de sal grosso sobre a mesa. Após 06 horas, retirar o excedente de sal e salgar a outra face. |
Etapa importante no acabamento da peça.
A forma que disponibilizamos permite um acabamento final principalmente para o queijeiro não profissional. |
Maturação ou cura:
A maturação do queijo é o período de envelhecimento (degradação principalmente de gordura e proteína responsável pela identidade final do queijo).
Existem variadas metodologias aplicadas nesta etapa, em função da característica do queijo e suas exigências para que se consiga o equilíbrio de sabor, aroma e característica de massa.
Etapas na cura | Procedimento na cura para formação de crosta e coloração típica |
Salga final
|
Finaliza praticamente após 24 horas da fabricação do queijo.
Nestas horas que sucedem o preparo da massa ocorre também a ação do pingo (soro fermento). O queijo permanecer em um ambiente preferencialmente refrigerado (temperatura de 12ºC). O excedente da água de sal deverá evaporar, permitindo assim que os queijos adentrem a um ambiente de maturação ou cura. |
Maturação – tempo | Tempo de maturação em torno de 17 a 22 dias. Quanto maior o tempo, maior a identidade do queijo (sabor e textura). |
Maturação – condições ideais:
Geladeira ou refrigeradores adaptados |
A condição de maturação ideal para este tipo de queijo é sob refrigeração (12 a 14ºC). Observar se não há ressecamento excessivo da peça pelo tipo de refrigerador (frost free resseca demasiadamente). |
1ª semana de maturação (contados a partir do dia seguinte após a fabricação). | Virar as peças todos os dias. |
10 dias de maturação | Tratamento com solução alcóolica.
Passar com um pano de algodão levemente umedecido. Deixar secar e dar o acabamento final. |
25 dias de maturação | Acabamento final com revestimento para queijos incolor, óleo de milho ou azeite. |