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Gordura trans

O nome é esquisito e seus efeitos no organismo ainda estão sendo estudados. Mas já se sabe que há, em vários alimentos, mais um tipo de “gordura do mal”, o ácido graxo transverso, mais comumente chamado de gordura trans.

A designação “trans” vem de “transversos”. O nome diz respeito à ordem da cadeia de átomos do ácido graxo. Segundo o engenheiro químico Homero Souza, é uma ordem pouco freqüente na natureza e praticamente inexistente em óleos e gorduras vegetais não refinados.

A gordura trans está no topo da pirâmide, indicando que deve ser o tipo menos consumido. Na base, como a melhor gordura, está a gordura monoinsaturada.
A gordura trans aumenta a quantidade de colesterol ruim no organismo e é um fator de risco para problemas cardiovasculares.

Essa gordura entra na composição de diversos alimentos, do bolo da padaria ao biscoito “água e sal”. Seu uso deixa esses produtos mais crocantes, sequinhos, duráveis e apetitosos. Mas, além de aumentar os níveis do “mau” colesterol, a gordura trans também diminui a quantidade do “bom”.

Alimentação
A solução seria banir a trans da alimentação, como sugerem os nomes de organizações não-governamentais como a Ban Trans Fat e a Trans Free America? Na vida real, as coisas não funcionam assim. A questão não é abolir, mas tentar reduzir ao máximo o consumo de gordura trans. A dificuldade é saber quais alimentos a contêm e em qual quantidade. Para tentar resolver esse problema, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que, a partir de 1º de agosto de 2006, as empresas devem especificar nos rótulos o teor de gordura trans de seus produtos.

De acordo com a nutricionista Vera Lúcia Chiara, uma questão que está sendo muito debatida é se gestantes e crianças devem consumir gordura trans. “Os ácidos graxos trans competem com um tipo de gordura insaturada, o ácido linoleico, que nosso organismo não produz. Isso atrapalha a produção de outras gorduras que são essenciais ao desenvolvimento neurológico do feto e da criança”, explica a nutricionista.

Por não ser necessária ao organismo, não há um valor recomendado de gordura trans a ser ingerida –o ideal é consumir o mínimo possível. “Não é como as fibras ou os carboidratos, para os quais há um valor diário recomendado”, diz Antonia Aquino, gerente de produtos especiais da Anvisa.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta. Como cada grama de gordura equivale a nove calorias, um adulto que consome 2.000 calorias diárias não deveria ultrapassar 2 g de gordura trans (o equivalente a menos de 100 g de biscoitos recheados).

A gordura trans é produzida em um processo químico chamado hidrogenização, que transforma o óleo vegetal líqüido em gordura sólida. Essa gordura é muito usada pela indústria, pois deixa os alimentos mais saborosos, crocantes, duradouros, com melhor resistência e tempo de prateleira.

Rotulagem
Terminou em 26 de julho deste ano o prazo para que as indústrias do setor alimentício mudem os rótulos das embalagens dos produtos e acrescentem a quantidade de gordura trans presente nos alimentos.

Além disso, a norma da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também determina que os rótulos informem o valor energético e a quantidade de carboidratos, proteínas, gorduras totais e saturadas, fibra alimentar e sódio presentes no alimento.

Até o dia 31 de dezembro, as empresas que fabricarem produtos em desacordo com a resolução da Anvisa serão notificadas. A partir de 1º de janeiro, porém, os fabricantes que não cumprirem as regras ficarão sujeitos às multas que vão de R$ 2.000 a R$ 1,5 milhão.