Cobertura em queijos
O atual mercado de queijos aponta para uma tendência cada vez mais crescente pela procura e consumo de queijos finos assim como queijos artesanais, demonstrando claramente o desejo pela experiência por novos sabores, texturas e sofisticação.
Naturalmente a aparência é o primeiro quesito inerente no aguçar deste desejo, somados à qualidade e esmero em todo processo, seleção de ingredientes e matéria prima fresca, processo produtivo, envoltos à sabedoria clássica que uma boa receita deve possuir.
Para se ter uma experiência completa do queijo, degustando-o ou aplicando-o na gastronomia não é necessário retirar a “casca” com sua parte colorida (os corantes aplicados são autorizados e comestíveis) ou sua parte branca (como nos queijos mofados pelo Penicillium), a retirada da crosta antes da degustação é mais uma opção pessoal.
Na maturação ou cura dos queijos, processo de envelhecimento e formação da verdadeira identidade de queijos maturados, o revestimento, ou cobertura do queijo, desempenha um papel de grande importância. Além de oferecer proteção contra bolores e leveduras, determina a aparência do queijo e as características finais do produto desejado, tanto no sabor, quanto na textura e consistência.
Vários são os tipos de tratamento de superfície para queijos, entre eles podemos citar: ceras /parafinas; mofos de superfície e coberturas ou revestimentos (tema deste artigo).
O revestimento em queijos é aprovado e definido pela resolução número 124, de 19 de junho de 2001 como: preparados formadores de película a base de resinas e/ou polímeros destinados a entrar em contato com alimentos e diversas podem ser suas funcionalidades como:
- o controle da evaporação de água (desidratação e ressecamento que ocorre naturalmente pela exposição do queijo nas condições de maturação) garantindo uma menor perda de peso não influenciando o processo de maturação;
- proteção do produto durante maturação e transporte, evitando danos mecânicos;
- é permitido o uso de conservantes na cobertura (uso da natamicina), prevenindo o crescimento de bolores e leveduras;
- padronização da qualidade do queijo, e na imagem do produto, pelo uso de cores atrativas que caracterizem ou ainda identifiquem uma marca;
- dá o polimento final na peça.
Como aplicar a cobertura:
A cobertura deve ser utilizada para queijos nos quais há a necessidade de formação da crosta ou casca (queijos artesanais, provolone, parmesão, montanhês, colonial) ou qualquer tipo no qual pretende-se aplicar o acabamento e realçar suas características externas.
- Decorridos em torno de 10 a 15 dias da saída do queijo da salmoura inicia-se a aplicação da resina. A aplicação deve ser feita com uso de pincel de cerdas macias nas laterais e em uma das faces. No dia seguinte aplica-se na outra face.
- Para queijos de pequeno porte (500 gramas) a cobertura pode ser aplicada com uma semana depois da saída da salmoura e uma nova aplicação quando se completar 20 a 25 dias (tempo final de maturação de queijo minas curado, por exemplo).
- Muito importante para todos os queijos é a viragem diária permitindo assim a homogeneização de cor, ressecamento e acabamento final.
- O queijo não deve estar úmido para aplicação da cobertura. Sempre sequinho e com bom acabamento (liso, sem rugas, marcas deixadas pelos dessoradores).
- Pode-se rarear com 5 até 10% de água a cobertura caso esta apresente-se demasiadamente encorpada
- O processo segue, sendo nas duas semanas posteriores, a cada três dias, aplicando numa face num dia na outra no dia posterior.
- Faz-se necessário o tempo de algumas horas para secagem completa (normalmente de um dia para outro).
- A cobertura desaparece por completo, realçando a cor natural do queijo (cobertura transparente) ou valorizando quando se tratar de cobertura com corante.