Slide
Slide
Slide

Antibióticos em Leite – Alergias

Antibióticos em Leite

O leite com toda sua complexidade de elementos, possui uma função especifica na natureza, que é nutrir. Naturalmente o leite mais consumido no planeta é o leite proveniente de vacas leiteiras, sintetizado nas glândulas mamárias, em igual complexidade, via elementos que passam do sangue para as células especializadas nas glândulas.

Podemos dizer, que de certa forma, o leite é a síntese da alimentação do animal em mais de cem mil moléculas diferentes, formando as inúmeras fases que interagem entre si em uma harmonia perfeita, incluindo elementos antagônicos como a água e gordura.

Como nem tudo é perfeito, a administração de medicamentos e drogas veterinárias utilizadas em tratamentos de enfermidades do gado leiteiro, podem também, deixar resíduos neste alimento presente principalmente em nossa primeira infância.

O grupo de substâncias de maior importância, provenientes de tratamentos veterinários, especialmente em países cuja a administração não é controlada (ou utilizada indiscriminadamente) e os níveis não são limitados é com certeza os antibióticos.

A maioria dos resíduos antibióticos são inativados, apenas parcialmente no processo de pasteurização e esterilização, transformando em dos principais problemas tecnológicos para a indústria de laticínios e principalmente para a saúde do ser humano.

A proporção da presença de resíduo antibiótico pode ser alarmante, uma vez que não existe um estudo sobre a abrangência de caso, controle rigoroso de medicamento e principalmente uma consciência cultural por parte de certa parcela de produtores de leite sobre o tema. Muitas vezes é prática rotineira, o envio de leite de animais em tratamento para a indústria de laticínios ou tanques comunitários sem a devida consciência do ato praticado, levando a determinadas conseqüências tecnológicas de grande efeito negativo. 

Conseqüências tecnológicas

Sendo o antibiótico um agente antimicrobiano de grande eficácia sua ação não se restringe apenas ao tratamento da enfermidade, levando a inibição de bactérias lácteas, utilizadas nas mais diversas tecnologias de uma indústria de laticínios.

O efeito direto é a inibição da flora láctea empregada na produção de produtos fermentados como iogurtes, leites fermentados e queijos traduzidos em:

Não fermentação do leite no período determinado com conseqüente e imediata perda econômica. Neste caso o produto final deverá ser descartado, o que muitas vezes gera um outro problema, o ambiental.

Não fermentação do leite e massa de queijos, extremamente importante na fabricação da maioria dos queijos, com perdas econômicas de grandes proporções, uma vez que o queijo obtido não reflete a qualidade necessária.

Os efeitos podem ser mais devastadores potencializando o estufamento precoce nos queijos (queijo inchado) já nas primeiras horas de produção, que também deverá ser motivo para descarte.

Formação do queijo “cego”, ou seja, queijo sem sabor, sem aroma e sem olhaduras.  

Enfim os efeitos podem ser imediatos e economicamente negativos para qualquer atividade da cadeia produtiva do leite.

O efeito sobre a saúde

O impacto sobre a saúde humana é possivelmente o mais devastador dos problemas relacionados com a presença de resíduos antibióticos em leite, uma vez que o consumidor está completamente indefeso frente ao que consumir, ou melhor, qual marca a consumir. Naturalmente a indústria independente ao sistema de vigilância a qual esta credenciada, deve promover a garantia de sua matéria prima, focando prioritariamente o consumidor e sua saúde, embora isto nem sempre acontece.

O efeito sobre o organismo humano é traduzido em reações alérgicas ou tóxicas as quais, não são associadas imediatamente a ingestão do leite ou produto lácteo, manifestadas pelo surgimento de urticárias, dermatites, problemas respiratórios como rinite e bronquite asmática, potencializadas principalmente pela penicilina.

As reações tóxicas podem ser traduzidas, pela relação de certos agentes antimicrobianos e efeitos carcinogênicos, assim como alterações hematológicas em indivíduos sensíveis principalmente ao cloranfenicol. Outros estudos também apontam a relação da ingestão passiva e a resistência bacteriana aos tratamentos empregados em enfermidades, além de certo impacto sobre a flora digestiva humana ocasionando problemas relacionados ao trato gastrointestinal.

O que fazer?

Possivelmente inúmeras ações devem ser adotadas, salvaguardando principalmente a saúde do consumidor. Ou seja, se o foco for este, possivelmente a indústria não terá preocupações relacionadas aos aspectos tecnológicos, portando, “mata-se dois coelhos com apenas uma cajadada”.

O ponto de partida, é justamente a produção primária e o foco deve ser o produtor de leite, principalmente a educação, prevenção e conscientização, sobre todos os aspectos relacionados ao uso de medicamentos sobre o gado leiteiro e os cuidados após a aplicação.

A compreensão dos efeitos tecnológicos e sobre a saúde humana, combinados a um plano de contingência é possivelmente o melhor caminho a ser seguido.

Em termos práticos

A não utilização de antibióticos em praticamente todo sistema de produção leiteira é impossível de ser adotada dada a complexidade e inúmeros fatores relacionados a especificidade da atividade. Infelizmente é o que acontece na agricultura comercial, como banir os defensivos agrícolas e produzir muito alimento?

Contudo é possível banir o antibiótico da indústria de laticínios e conseqüentemente da mesa do consumidor através de medidas preventivas, conhecimento, empenho e boa vontade.

Os antibióticos possuem efeitos diferentes no animal, dependendo do tipo, dose e método de administração e principalmente prazo para  eliminação, ou seja, período de carência.

O período de carência é portando, o prazo de eliminação do resíduo de antibiótico no leite, após a última dose e pode variar conforme o tipo aplicado, a dosagem e a via de administração (intramamária, intramuscular e intravenosa), em síntese o período de carência é o tempo necessário, para eliminação do resíduo antibiótico presente no leite, período o qual o leite não deve ser utilizado para consumo ou aplicação tecnológica.

Cabe a indústria de laticínios a execução de um trabalho de prevenção e monitoramento da qualidade do leite frente a presença de resíduos antimicrobianos no leite, principalmente resíduos antibióticos, o que constitui um ponto critico de controle, permitindo desta forma a presença de um alimento completo em toda sua mais completa concepção.

Profº Fernando Rodrigues
Este artigo pode ser copiado em partes ou na íntegra desde que citada a fonte.